quinta-feira, maio 26, 2016

A manhã em que acordei para um dia intranquilo - parte 1

Peraí. Eu ainda não acordei ou é isso mesmo? Estão acusando Kleber Mendonça Filho de ser um aproveitador de cargo público e de mamar nas tetas do governo? HAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!!! Minha gente, isso não é mais um golpe. É O Anjo Exterminador, de Luís Buñuel! Avisem-me quando terminar esse surrealismo que eu quero descer.

Conheço KMF há 25 anos. Ele nunca precisou disso. Diga-se de passagem, ele comanda o Cinema da Fundação desde o governo FHC, confere produção? E sabe por quê? Esse Cinema da Fundação Joaquim Nabuco que eu chamo "da era moderna" (já havia antes) só existe por causa de um projeto e da dedicação de KMF, que conhece a Fundaj muito melhor do que muita gente nem imagina. Aliás, hoje são duas salas, com equipamentos sempre bem ajustados (melhor do que muitas salas de empresas multinacionais) e com uma programação excelente, sobretudo para quem tem consciência de que cinema não é só a maior diversão. Nem sabia do salário de KMF, mas, se é isso mesmo que estão dizendo, não paga nem a intenção do trabalho desempenhado por ele. É simbólico.

Ainda pros desavisados: Kleber é o único cara que conheço que consegue reunir todas as funções do cinema - crítico, programador, curador e realizador - com excelência. Vide seu trabalho no Jornal do Commercio, em seu blog, no supracitado projeto na Fundaj, nas mostras que promove e em seus vários filmes (diversos curtas incluídos) premiados nacional e internacionalmente - só por essa repercussão, os recursos públicos investidos em suas obras já foram mais do que justificados. O primeiro longa-metragem do cara ficou no top 10 do ano, segundo o NY Times; o segundo longa está concorrendo à Palma de Ouro.

Em que mundo essa galera reacionária vive, ou quer viver? Por último, não menos importante, o texto do blogueiro que suscitou tal polêmica é muito fraco. Acha que está dando um furo, mas já nasce uma peneira desde a apuração. Na minha escola de jornalismo tomaria uma nota zero. Pobre Brasil, ainda mais essa.

Recife, 19 de maio de 2016

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