quarta-feira, outubro 19, 2011

Está na hora de uma nova revolução cultural

Não. Já passou da hora dessa nova revolução cultural no Brasil acontecer. Este momento, quando escrevo este manifesto, organizo simultaneamente uma série de álbuns, por assim dizer, de música brasileira. São trabalhos recentes de China, Ed Motta, Graveola e o Lixo Polifônico, Guizado, Karina Buhr, Lirinha, Lula Queiroga, Pata de Elefante, Tibério Azul, Wado. Obras cunhadas com muito talento, criatividade, dedicação, ralação, horas de estúdio, dinheiro, brodagem. Para quem é fuçador, gosta de conhecer coisas novas, ocultas ou clandestinas, estes poucos nomes fazem parte de um universo a olhos comuns infinito – que dá até uma angústia quando se pensa em querer conhecer tudo. E há muitos outros, dos mais variados estilos – samba, metal, choro, erudito, etc. Isso por não falar em outras expressões artísticas. Mas, vamos nos ater aqui apenas à música. Meu Deus, como fazer todo esse universo chegar à grande massa que, em plena era da multiplicação exponencial digital, ainda parece se ligar só do canal 2 ao canal 13 (a faixa VHF) à qual vivíamos presos na época do limitado seletor? É preciso fazer estes nomes chegarem a mais ouvidos, como foi na época da bossa nova, da jovem guarda, dos festivais da TV Record; mais tarde, do rock brasuca dos anos 1980; e até um pouco no mangue e naquela cena nova que despontava nos anos 1990, mas que se limitou ao que algumas gravadoras queriam divulgar. E as “sobras” foram se multiplicando até se formar este mar de músicos famosos e ao mesmo tempo quase anônimos, que raramente tocam no rádio ou aparecem na telinha, porém, bombam na web e na rede de festivais independentes. Uma nova revolução cultural no Brasil se faz urgente para tornar possível que estes universos paralelos se encontrarem.

Marcos Toledo
jornalista e músico
outubro de 2011

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