domingo, março 18, 2007

Sobre o bom malungo

Na semana que passou, houve uma justa, tardia e mágica homenagem ao cantor Chico Science no Pátio de São Pedro, lugar mais a ver com a cena musical, porém, não o ideal para um evento deste porte.
Sinceramente, acho que subestimaram o poder do saudoso malungo de atrair uma multidão para homenageá-lo depois de uma década com todos, amigos e fãs, contendo seus sentimentos, sem saber o que fazer com essa saudade. O tributo deveria ter acontecido mesmo no Marco Zero.
Fui escalado de última hora para cobrir o show com a Science Orquestra, o que acabou sendo um prazer e uma honra. Quem tiver acesso ao JC OnLine e ao UOL pode conferir a matéria no seguinte link:


Aproveito este espaço para reproduzir o texto de Duda, curadora da exposição Imaginário Chico, que foi montada na casa que vai abrigar, em breve (promessa da Prefeitura do Recife), um memorial ao eterno mangueboy:

"Imaginário Chico

De quantas partes se compõe um todo? Chico Science, o músico, o artista que com sua poesia e seu ritmo traçou os caminhos do movimento mangue, era também Francisco de Assis França, filho de Dona Rita e Seu Francisco, e pai de Tayná.
Se a 'geografia real' da sua história influenciou de maneira determinante o seu trabalho artístico - a infância passada próxima ao mangue, os bailes funk de Rio Doce – o que dizer dos caminhos imaginários percorridos pelo mangueboy?
É partir do cruzamento dessas duas trajetórias, que a exposição
Imaginário Chico busca (re)construir o universo ideário do cantor, dentro do memorial que leva o seu nome.
Por fio condutor toma-se uma linha do tempo, de estrutura não-linear, que versa sobre os principais acontecimentos da vida de Chico. Junto aos textos, estão fotos feitas pela família, pelos amigos e pelos fotógrafos da Imago, que traduzem a essência de momentos pontuais na vida de Science.
Em outra parede, uma ilustração gigante 'remixa' vários dos elementos que de alguma forma fizeram parte da vida de Chico e que foram referência na criação de seu trabalho. Bruce Lee, James Brown, o personagem de quadrinhos Corto Maltese e um skyline do delta do Capibaribe, são alguns dos elementos que formam uma espécie de composição imagética sobre o que o olhar do cantor alcançava.
Vindos do teto, monóculos, pendurados em diferentes alturas, contêm fotos que retratam momentos de intimidade com a família e amigos, em sua maioria registros feitos na década de 70, quando era prática muito comum confeccionar 'lembrancinhas de família0' na pequena caixinha. E na família de Chico não era diferente.
Ao fundo, ainda, uma projeção exibe uma seleção de fotos que faz parte do enorme material que a Imago Fotografia possui de Science e da sua Nação Zumbi. Algumas delas nunca haviam sido exibidas em público.
Se vivo, Chico estaria completando 41 anos neste 13 de março de 2007. É impossível não pensar sobre o que ele deixou de fazer, o que ficou por vir. No entanto, dez anos após a sua morte, ele ainda continua se transmutando. Sua música, sua batida e sua ginga seguem vivos, recriados no imaginário de outras tantas pessoas. E assim, o mundo arrodeia.
'Eu ainda preciso viver nesse mundo de estrelas e nuvens que nos cobrem sem cessar' (Chico Science)".

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