quinta-feira, março 08, 2007

Sobre a morte de crianças

A morte trágica de crianças nas ruas em um país supostamente democrático como o Brasil trouxe à minha memória uma frase freqüentemente pichada nos muros do Recife no fim dos anos 80 e início dos 90: "Não matem minhas crianças" ou "Não matem nossas crianças". Não recordo exatamente agora se eram "minhas" ou "nossas", porém, isso é o que menos importa. Dá no mesmo.
Numa pesquisa rápida, descobri que, em 1990, o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNM&MR) lançou a campanha “Não Matem Nossas Crianças”. Ao mesmo tempo, vi que na coluna Repórter JC do Jornal do Commercio de 26 de setembro de 2001, Paulo Sérgio Scarpa abriu escrevendo o seguinte comentário:

"Vida às crianças
Os muros do Recife deveriam receber novamente as inscrições que mobilizaram a sociedade no final dos anos 80: 'Não matem minhas crianças'. Com o aumento da criminalidade, as inscrições que restam na Dantas Barreto são apenas testemunhas do passado. Hoje, crianças e adolescentes voltam a ser alvo da ira sem limite de grupos de extermínio e da violência de familiares. É aterrador quando as estatísticas de crimes contra crianças e adolescentes registram aumento de mais de oito vezes no número de ocorrências entre 1994 a 2000. E somente nos primeiros seis meses deste ano foram abertos 2.139 inquéritos de violência contra crianças no Estado. Está havendo uma inversão de valores: muitas ONGs para pouca ação da sociedade."


Aquelas crianças de seis anos atrás já cresceram. E as "minhas", "nossas" crianças de hoje continuam à espera de uma ação da sociedade que realmente dê resultado.

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