segunda-feira, junho 06, 2016

Profissionais precisam de respeito e oportunidade


Na transmissão do jogo # 2 das Finais da NBA, temporada 2015-2016, muito se falou de como a equipe do Golden State Warriors abrigou jogadores complicados ou em situação difícil, para muitos rotulados como losers, e como este jogadores hoje ajudam e formar um time campeão. Um case para usar como reflexão.

Antes de tudo, um parêntese. Em meio a isso, lembrei-me do time do Sport Club do Recife, sobretudo o da temporada 2016, montado por Eduardo Baptista. Sem grana para grandes contratações, Eduardo formou uma equipe com o refugo de grandes equipes. Assim aportaram no Leão da Ilha jogadores como Marlone (ex-Vasco da Gama, Cruzeiro e Fluminense), André (ex-Santos, Dínamo de Kiev, Atlético-MG e Vasco) e Diego Souza (ex-seleção brasileira - principal, sub-23, sub-20 e sub-17 -, Fluminense, Benfica, Flamengo, Grêmio, Atlético-MG, Vasco e Cruzeiro, entre outros), os dois últimos tidos como problemáticos por onde passaram. O que vimos foi um time forte, sexto colocado no Brasileirão 2015 e com André em terceiro lugar na artilharia do campeonato.

O Golden State, guardada as devidas proporções, segue uma linha semelhante. Espécie de ONG, abrigo ou reformatório da NBA, formou um time apostando em um aspirante a grande ídolo da NBA, Stephen Curry, mas como muito refugo da liga, inclusive veteranos. Coloque aí na lista: Draymond Green, 35ª escolha no draft de 2012; e Shaun Livinston, atleta que já havia passado pelas equipes dos Los Angeles Clippers, Miami Heat, Tulsa 66ers, Oklahoma City Thunder, Charlotte Bobcats, Milwaukee Bucks, Washington Wizards, Cleveland Cavaliers e Brooklyn Nets. E, para nós brasileiros, duas particularidades: Leandro Barbosa, o Leandrinho (ex-Palmeiras, Bauru, Phoenix Suns, Toronto Raptors, Flamengo, Indiana Pacers, Boston Celtics e Pinheiros), e Anderson Varejão (ex-Franca, Barcelona e Cleveland Cavaliers).

O caso de Varejão é bem interessante. Na NBA, jogou pelos Cavs de 2004 a 2016, mas nunca ganhou um título. Nas finais de 2014-2015, estava se recuperando de lesão. Acabou sendo preterido pelos Cavs e envolvido numa troca entre os Cavaliers, Orlando Magic e Portland Trail Blazers, sendo adquirido por Portland e dispensado no mesmo dia, e, três dias depois, sendo contratado pelos Warriors.

Todos os jogadores de Golden State têm importância nessa fase vitoriosa da equipe. Entre os supracitados, Draymond Green virou ídolo e tem surpreendido com sua versatilidade e eficácia. Shaun Livinston idem no quesito resultados. Leandrinho e Varejão, quando acionados do banco, têm entrado e contribuído substancialmente no resultado. Leandrinho, que já foi campeão na temporada passada, entrou nos dois primeiros jogais das Finais 2015-2016 marcando 11 e 10 pontos, respectivamente, e errando apenas um arremesso de 3 pontos. Foi aplaudido de pé quando deixou a quadra no último domingo, quando os Warriors colocaram 2 a 0 sobre os Cavs na série final desta temporada.

Assim Golden State vai fazendo história na NBA na contramão daquelas instituições que não respeitam os profissionais mais experientes e não são capazes de dar uma nova chance para os ditos complicados, mas que ainda demonstram talento. E qual seria a fórmula do sucesso? Em parte, a iniciativa, de estender a mão, de dar a oportunidade. Mas, sobretudo, o pensamento e o trabalho que vem de cima, de uma gestão que sabe se reinventar rompendo os preconceitos. Que sirva de exemplo.


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